Bolas de sabão

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sábado, 12 de dezembro de 2009

Movimento na Cena Independente: entrevista com Bruno da banda TIasques


Estúdio, blog, eventos! A vida de um vocalista, historiador e produtor não é nada fácil. Mas Bruno Rodriguês, vocalista da banda Tiasques e um dos fundadores da OCT, ainda conseguiu arranjar um tempinho para um papo rápido e algumas bolinhas de sabão. Saca só...

Bola de Sabão - Quais são os próximos trabalhos que o público pode esperar do Tiasques?
Bruno Rodriguês - Bom, o Tiasques está trabalhando duro nesse fim de ano, para participação na 9° Edição do Festival Coletânea de Bandas. A partir dos resultados que forem obtidos neste festival, algumas coisas podem ser adiantadas e outras adiadas, como a gravação da nova Demo da banda, que inclui músicas como “Cavaleiro de Papel”, “Barricadas” e “Estrangeiros interiores”.
Mas além destes, temos muitos outros planos, como a gravação de um Vídeo-Clipe, utilizando uma dessas músicas citadas, e o intercâmbio com bandas de outras cidades, como São Paulo e Brasília. Muita coisa boa está por vir, para aqueles que apreciam o trabalho da banda! Aos que não apreciam, vão ter que nos engolir...rs

B.S - Quais as influências que utilizam ao criar as músicas?
B.R - cada integrante do Tiasques tem as suas próprias influências. Posso dizer que todos vêem de linhas bem distintas. Por exemplo, enquanto Antonio Carlos (baterista) flerta com bandas de “metal progressivo”, eu, Bruno, estou ouvindo bandas como The Doors, Joy Division, Radiohead, etc.
Essas diferenças influem muito na hora de criar as músicas. Temos duas formas de trabalho: na primeira, eu elaboro o esqueleto da música (harmonia, Riff, etc) e letra e apresento para o restante da banda, para que todos dêem idéia de arranjos; na segunda, algum integrante da banda apresenta algum Riff e a partir dele penso na letra e melodia de voz. Não preciso dizer que a segunda hipótese é bem mais difícil.rs
Na primeira modalidade saíram músicas como “A complexidade das pequenas gotas”, “Pão e circo” e “Estrangeiros interiores”. Na segunda modalidade fizemos “Dragões & sinos”, “Barricadas”, entre outras.



B.S - Como vocalista a tanto tempo, qual o conselho que você manda para quem está iniciando?
B.R - Bom, é meio difícil de falar sobre isso quando a mensagem é direcionada para a galera “rock n’roll”, que é tão diversificada. Tudo depende da proposta que se tem em mente... Se você quer ter uma banda punk, por exemplo, vários itens devem ser observados para que se logre êxito, como estética sonora, comportamento, visual, influências, etc. Da mesma forma o “aspirante” deve proceder, quando formar uma banda “grunge”, de “metal”, etc etc. Ou seja, existe uma constante para todos os casos, chamada PESQUISA. O erro, e isso principalmente para bandas novas, reside justamente no fato de ACHAR que a banda “inventou a roda” e que por isso não precisa mais pesquisar sobre o que faz (arrogância patética...). Enfim, um último item deve ser observado, importante para todos os casos, que é o “aprendizado técnico”, principalmente para vocalistas... Não é vergonha nenhuma fazer aula de técnica vocal e se aperfeiçoar... É muito feio um vocalista com um tempo de estrada, desafinar durante um show...

B.S - De onde surgiu a idéia de criar um coletivo de imprensa?
B.R - A idéia surgiu justamente na falta de espaço que havia no fim do ano de 2007, numa atmosfera de “faça você mesmo” – se eles não veiculam essas “informações”, nós mesmos veicularemos. Tudo estava propício para isso, pois é inegável que a internet na última década tenha se popularizado cada vez mais, e com isso, se multiplicaram as possibilidades da criação de espaços virtuais, que é o caso do “blog”, que é uma ferramenta fácil de fácil manutenção e gratuita.
Hoje, depois de dois anos no ar, o blog OCT está para completar os 100 mil acessos, com mais de 1000 posts, que variaram de resenhas de shows, dicas musicais, notas sobre acontecimentos culturais diversos em Mato Grosso, entre outros. Nada muito complexo, apenas reunimos um grupo de pessoas com afinidades, e fizemos. Nesse sentido, sempre ficamos felizes, quando vemos pessoas tomarem iniciativa e criarem seus espaços. A internet está aí para isso... Todos, sem qualquer exceção, podem criar os seus veículos e se comunicarem, sem ficarem reféns da grande Mídia Coorporativa..

B.S - Sabemos o quanto o trabalho da OCT fez pela cultura cuiabana, quais serão os próximos projetos?
B.R - Talvez ainda seja muito cedo para dizer qual contribuição a OCT deu para o “fazer cultura” na capital mato-grossense, mas sem dúvidas temos a certeza de que hoje, ao se falar de rock em Cuiabá, obrigatoriamente o analista deve passar pela OCT, concorde ele ou não, pois nesses últimos dois anos além dos vários eventos que realizamos com bandas de rock autorais, contribuímos de diversas formas com as casas de show da cidade, com as diversas notas informando suas agendas, por exemplo. Daqui pra frente, principalmente depois do Festival Proclama Rock, a OCT vai trabalhar focada na qualidade dos seus eventos e de suas frentes, que hoje são três: estúdio, blog e eventos. O estúdio para construirmos a “sustentabilidade” da organização. O blog para divulgar para a cidade nossas ações. E, por fim, os “eventos”, não só para materializar o que divulgamos nos blogs e construímos com estúdio, mas incentivar a proliferação da cena, que também é importante para nossa “auto-sustentação”.

B.S - Como líder da OCT, o que acha que ainda pode melhorar na cultura de Mato Grosso?
B.R - Nossa, são tantas coisas, rs, mas principalmente temos que construir, isso de forma conjunta – produtores, bandas, casas de show e público -, a auto-sustentação da cena. Ou seja, uma rede, que permita a coexistência de todos.
O que acontece atualmente é que o “público” está pouco se lixando, com a visão de que o “produtor” não faz mais que obrigação, e o produtor não faz mais que incentivar esse “não estou me lixando”, com, por exemplo, eventos “gratuitos”,(nisso reconheço a parcela de culpa da OCT) e bandas “descartáveis”, que duram em média 3 anos, e depois nunca mais aparecem... Precisamos que todos estejam conscientes do processo complexo que se dá desde a criação do artista à sua apresentação... Se somente os produtores estiverem conscientes disso, a dita “cena” está fadada à morte. Não só conscientes, mas incentivar aquilo que tem “duração”, como o Cavernas Bar, e algumas bandas que apesar das reveses, estão atravessando os anos.



B.S - A OCT é famosa por incluir/ interagir com as bandas ao tomar decisões dentro do coletivo. A interatividade entre os membros do coletivo é importante em que ponto?
B.R - A OCT nunca se colocou na função de tornar “iguais” aqueles que fazem parte da organização. Ao contrário, as pessoas dentro da OCT são todas muito diferentes. O que nos une é um único ponto: construção de uma rede em que possamos atuar como protagonistas. Nesse sentido, todos são importantes, não existindo uma hierarquia interna, além de lideranças naturais identificadas no transcorrer das nossas experiências. Dentro da organização temos uma relação sincera, pontuando claramente o que pretendemos fazer e como vamos fazer. Devido a essa transparência, que gera confiança entre os membros, a “interatividade flui”.

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